Grupo Assim

Saúde e Bem Estar Sáude e Bem Estar


Por que as pessoas estão tomando menos vacina?

Postado em 16/10/2019



Foi durante uma conversa com uma ordenhadora de vacas que o médico britânico Edward Jenner (1749-1823) teve a brilhante ideia de criar uma vacina contra a varíola, doença marcada por mal-estar e erupções na pele. A camponesa dissera a ele que, apesar de contagiosa, jamais pegaria a moléstia porque já tinha contraído sua versão bovina. Intrigado, o médico resolveu testar a teoria da moça. Em maio de 1796, inoculou o vírus da varíola bovina em um garoto de 8 anos, que logo apresentou sintomas brandos. Dois meses depois, com o menino já curado, o infectou novamente com o vírus da varíola humana. E, para sua surpresa, ele não adoeceu. Logo, Jenner constatou que a exposição à varíola bovina, de baixa gravidade, tinha imunizado o garoto contra o tipo mais letal da doença.

 

Nascia, aí, o conceito de vacina, que, dois séculos depois, permitiria que a mesma varíola fosse erradicada da face da Terra. O último caso registrado ocorreu em 1977, na Somália. Graças às vacinas, a expectativa de vida da população aumentou em 30 anos.

 

Tem vírus que até podia tomar o caminho da varíola, mas voltou das sombras. É o caso do sarampo. Em março, o Brasil perdeu o status de país livre da doença, conferido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2016.

 

De fevereiro de 2018 a fevereiro de 2019, registramos 10 374 casos, com 12 mortes. E o que está por trás disso? A queda nos índices de vacinação provoca o retorno de doenças já eliminadas ou controladas. Há uma percepção equivocada de que algumas vacinas já não são mais necessárias. Cenário propício para vírus e bactérias reemergirem, espalhando doenças que (só) pareciam coisa do passado.

 

A vacina tríplice viral, que nos defende de sarampo, caxumba e rubéola, é uma das sete destinadas a crianças que estão com a cobertura abaixo do ideal, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre os imunizantes infantis, somente a BCG, que combate à tuberculose, bateu a meta proposta — especialistas acreditam que ela obteve êxito porque tem dose única e é aplicada na maternidade. Entre as vacinas que não chegaram lá estão as versões para poliomielite, hepatite A e pneumonia.

 

Por que as pessoas estão se vacinando menos?

São muitas as hipóteses que ajudam a entender esse preocupante declínio. A primeira delas soa até irônica: as vacinas são vítimas de seu próprio sucesso. Muitos pais nunca ouviram falar de pólio, rubéola e difteria. Por essa razão, não levam os filhos para se proteger.

 

Uma pesquisa da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP), lançou luz sobre as crenças e percepções de parte da população em relação à vacinação infantil. De 352 pessoas entrevistadas, 23% relataram hesitação e 7% recusam em imunizar os filhos. Entre as que demonstraram hesitação, 41% alegaram falta de confiança nas vacinas, 25% duvidaram de sua segurança ou eficácia e 24% admitiram preocupação com eventos adversos, como dor, vermelhidão e inchaço.

 

Ou seja, uma fração dos cidadãos, sob influência de argumentos errôneos ou notícias falsas, está a um passo de negligenciar as vacinas para seus entes mais queridos. É problema para família e para sociedade toda.

 

Doenças mais sazonais e que são evitadas por meio de vacinas também podem ser ameaçadas pelo desconhecimento e o medo das picadas. Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o risco de um surto de febre amarela no país. Entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, o país registrou 36 casos, com oito mortes.

 

Entre os oito estados que não bateram a meta, os que apresentaram a mais baixa cobertura são Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Convém lembrar que a gripe pode levar a complicações graves, potencialmente fatais.

 

Procure um posto de vacinação e não deixe se vacinar e imunizar seus filhos das doenças mais tradicionais da infância. Esse é o caminho mais seguro para uma vida mais saudável e livre de doenças. 

 

O ASSIM SAÚDE zela pela sua qualidade de vida.